Profissionais de segurança querem unificação das polícias estaduais
Pesquisa realizada com 64.130 profissionais de segurança pública (policiais civis e militares, guardas municipais, agentes penitenciários e bombeiros militares) nos meses de abril e maio deste ano revela que 69,8% dos entrevistados não aprovam as polícias em que atuam, nem concordam com o seu atual modelo organizacional. Na opinião da maioria dos consultados pela pesquisa "O que pensam os profissionais da segurança pública no Brasil", as polícias Civil e Militar deveriam ser unificadas. O levantamento foi feito pelo Ministério da Justiça, por meio da Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp), em parceria com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD).
Os policiais militares são mais "mudancistas" que os civis: 77% dos PMs são a favor de alterações nas polícias, opinião compartilhada por 51,9% dos policiais civis. Mudanças são defendidas por 65% dos guardas municipais, 62% dos bombeiros e 61% dos agentes penitenciários ouvidos pela pesquisa.
Entre os entrevistados, 35% defendem a unificação das polícias, sendo que a futura instituição seja desmilitarizada. Outros 15% também querem apenas uma só polícia, desde que esta seja militar. Na terceira proposta de mudança, escolhida por 12% dos entrevistados, cada polícia deve combater determinados tipos de crimes. Já 8% querem que cada polícia atue em determinada área do estado. Entre os consultados, 20% querem a manutenção do atual modelo das polícias Militar e Civil. E 10% não se manifestaram.
— O resultado da pesquisa é surpreendente, já que os políticos que falam em nome dos policiais sempre acusaram os que pregam mudanças nas polícias de estarem contra os profissionais de segurança. Mas o que importa é que o estudo abre caminho para uma discussão política séria sobre a mudança nas polícias — disse o sociólogo Luiz Eduardo Soares, que coordenou o trabalho juntamente com Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (Cesec) da Universidade Candido Mendes, e de Marcos Rolim, pesquisador e Professor da Cátedra de Direitos Humanos do Centro Universitário Metodista do Rio Grande do Sul.